sexta-feira, 29 de outubro de 2010

APROVEITEM A VIDA - António Feio

Sinopse

“Tenho um tumor gigante no pâncreas. Alguns dos tratamentos conseguiram reduzir um pouco o seu tamanho, mas não o suficiente para poder ser operado. Sei bem o que isso significa.

Neste momento, e porque não há outra forma, vivo um dia de cada vez. Deixei de fazer planos para a frente. Não sei o que me espera no futuro, mas isso agora também não importa, o que interessa é o aqui e agora.

Ao longo deste quase último ano e meio percebi que o meu estado de saúde deixou de ser um tema que me diz respeito apenas a mim, à minha família, aos meus amigos e àqueles de quem sou próximo.

A minha doença deixou de ser apenas um problema que é meu, de alguma forma deixou de me pertencer. E isto sucedeu aos poucos, à medida que a onda de apoio e solidariedade à minha volta foi crescendo e ganhando forma. Assim nasceu a ideia deste livro.

A mensagem principal que quero deixar às pessoas é que se há um problema é preciso resolvê-lo da melhor maneira, há que não ficar quieto, há que tentar de tudo primeiro, nunca desistir.

Se as pessoas começarem a parar por um momento para olhar para casos como o meu, ou, simplesmente, para a sua própria vida com olhos de ver, talvez comecem a relativizar os seus próprios problemas e possam perceber o que de facto vale a pena na vida. Talvez assim a consigam aproveitar melhor.

Aproveitem a vida e ajudem-se uns aos outros!!”

Opinião

Neste livro António Feio fala da sua vida, mas mais importante do que isso, deseja transmitir uma mensagem a todos aqueles que estão a passar por uma situação igual ou semelhante à dele. “ (…) uma mensagem que inspirasse os outros, que lhes mostrasse que valia a pena continuar mesmo quando só queriam desistir. “

Esta leitura foi muito especial, fez-se acompanhar da tão familiar voz desta figura pública tão querida. Aquela voz que tão bem conhecia do espectáculo “ Conversas da Treta “, um dos maiores êxitos da carreira memorável de António Feio.

Apesar da noção que tinha do seu estado de saúde, durante toda a narrativa, não deixou de nos deliciar com o seu bom humor, este dom tão especial que lhe foi atribuído e que encantava todos nós. Um dom que ajudou a contribuir, para uma mudança nos hábitos de consumo teatral em Portugal .

Perante o espírito tão optimista e coragem que demonstrou durante esta longa caminhada, não acho justo o desfecho que esta história teve. “ (…) ele tinha decidido encarar esta dificuldade, recusando-se a cruzar os braços e esperar que o seu momento chegasse. “

No entanto por mais que lidasse de forma positiva com esta doença, era inevitável negar a sua presença ou fazer conta que não existia, pois o simples facto de olhar para o espelho era um puro reflexo do que era a realidade.

A ideia da morte acompanha-nos durante toda a vida e por muito que nos custe, temos de aceitar que não somos imortais, aceitando-a com tranquilidade. Esta é a realidade…

Aprendi muito com o seu relato, principalmente a importância de se valorizar a vida e de viver um dia de cada vez.

“ Como diz uma das máximas dos cuidados paliativos : « os que estão a morrer, ensinam-nos a viver ».

Não posso deixar de admirar a fantástica colaboração de Maria João Costa, editora e autora deste projecto. Que após muitas horas de conversa com António Feio, juntou nesta obra vários dados biográficos do actor, alguns dos seus textos, fotografias e testemunhos directos de pessoas que lhe eram próximas.

“ Este livro nunca poderia ser uma biografia(…)é um género de livro cujo género é aquele que apelidamos de auto-ajuda. Este livro não é mais que uma mensagem de vida. “

Mensagem que transmitiu de forma muito simples e transparente, características próprias do discurso do actor António Feio.




quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A LAGOA AZUL - Henry de Vere Stacpoole

Sinopse

Depois de um naufrágio, duas crianças aprendem a sobreviver numa ilha deserta nos mares do Sul. Este é o argumento base de um dos romances mais vendidos da literatura inglesa. Desde que apareceu em 1908, esta obra tem tido edições sucessivas no Reino Unido e Estados Unidos.

A adaptação ao cinema, no filme que lançou Brooke Shields, celebrizou ainda mais o livro. Uma obra que é um excelente romance de viagens e aventuras transforma-se num clássico.

Opinião

Este livro foi oferta da Babel na sequência de um passatempo. A quem desde já agradeço o apoio editorial tão precioso que tem dado ao Prazer da Leitura.

Henry DeVere Stacpoole conta-nos a história da Lagoa Azul. A história de duas crianças sobreviventes de um naufrágio e que se vêem sozinhas numa ilha deserta, sendo forçadas pelo destino a aprender a sobreviver por elas próprias.

Como eu, com certeza muita gente já viu a adaptação deste ao cinema, mas lê-lo é uma experiência diferente. Existem pormenores e descrições maravilhosas, que são impossíveis de perceber mais nitidamente ao longo do filme.

Ao inicio tive uma certa dificuldade em realizar a minha leitura. O modo como o autor escreveu o diálogo de uma personagem em particular, fez com que esta se tornasse um pouco lenta, devido ao facto de não estar habituada. Depressa superei esse facto, até porque a personagem teve uma passagem muito rápida por esta narrativa.

Este foi um pequeno pormenor negativo que notei, no meio de tantos positivos que acabaram por me prender a esta maravilhosa história. De facto, é interessante acompanhar não só o crescimento destas duas crianças nesta ilha tão solitária, como também a sua evolução perante a ignorância que ambas tinham da vida.

Todos os hábitos práticos comuns para nós, para Dick e Emmeline eram uma completa aventura e um fantástico descobrimento. Mesmo a morte e o amor eram para eles temas desconhecidos. É certo que provocavam em si inúmeras sensações, mas que para eles não tinham qualquer significado, sendo as suas vidas guiadas apenas pelo instinto da sua natureza humana.

A narrativa em si é dividida em pequenos capítulos, que mesmo por serem pequenos despertam uma curiosidade incontrolável e uma vontade tremenda de continuar a leitura. A escrita é simples e um pouco descritiva, mas se não o fosse, a beleza dos cenários não era tão nítida.
 
Eu gostei bastante e sinceramente recomendo, mesmo para aqueles que já viram o filme.



terça-feira, 12 de outubro de 2010

O CUCO - Alda Gonzaga

Sinopse

Em O Cuco a autora descreve o drama duma mulher casada que, a par de uma profissão trabalhosa e exigente, vive um grande amor. Contudo, devido a vários condicionalismos, vai perdê-lo. Fica-lhe, porém, um filho dessa relação e será ele que lhe dará forças para continuar a viver a sua vida. Este é o primeiro romance de uma trilogia que irá, com certeza, despertar o interesse dos leitores.

Opinião

Este livro foi uma oferta da Papiro Editora na sequência de um passatempo. A quem desde já agradeço o apoio editorial tão precioso que tem dado ao Prazer da Leitura.

O mesmo, é o primeiro romance de uma trilogia composta por mais dois: A Flor-de-lis e Caminhos, que certamente irei comprar de tão encantada que fiquei com esta leitura. Uma leitura que me prendeu desde o inicio, por ser tão empolgante e intensa.

Nesta narrativa fala-se da vida de Leonor, que atravessando uma crise matrimonial, encontra o seu verdadeiro e único amor. Uma personagem muito marcante do inicio ao fim, não só por ser a principal, mas também pela sua personalidade tão forte. Para além de ser uma mulher muito inteligente, mostrou perante a sua vida amorosa e profissional, ser também determinada e lutadora.

Lutou principalmente por um ideal, que por vezes agora ainda é um tema de muita discussão, o direito á igualdade de direitos e oportunidades perante os homens.

Só que este livro, mostra muito mais que a história da vida amorosa de Leonor. Fala-nos de épocas históricas e marcantes que revolucionaram o nosso país. Para mim foi muito gratificante, recordar e muito aprender, com as passagens que esta escritora fez pela Revolução dos Cravos, pelo dia marcante que foi 25 de Novembro de 1975 e de uma década de 80, que muito me fez recordar a realidade que assola diariamente a vida de todos nós.

A escrita é simples e fluida, o que juntamente com a história narrada, confere-lhe um ritmo impressionante.

Para quem ler o livro, proponho um desafio. Deixar um comentário nesta mensagem a dizer o porquê deste livro se chamar “ O Cuco “.

Eu já cheguei a uma conclusão e vocês ?


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

GENTI DI MACAU - Luciana Leitão

Sinopse

Mais do que preocupada em desenrolar progressivamente as tramas, a escritora parece atenta à voz que pretende dar às suas reflexões sobre diversos aspectos da realidade e da vida: o entendimento do outro, a perda da identidade resultante do desenraizamento, a contradição entre a fé e a realidade, a sombra psíquica causada pela transformação do espaço do sujeito, a preservação do dialecto macaense, ou simplesmente a relação entre a escrita e a vida…questões evocadas ao longo destes contos que merecem efectivamente uma consideração. Diz se que ler também é uma maneira de viajar. E viajar é assumir a distância e transcender as fronteiras. Então, ao fim da viagem que atravessa todas estas palavras, será que Macau fica mais perto?

Opinião
Este livro foi uma oferta da Papiro Editora, a quem desde já agradeço o apoio editorial tão precioso que tem dado ao Prazer da Leitura. Tanto o livro “ Margot – Estrelinha Azul “, como este que vos apresento “ Genti di Macau “, foram muito mais que duas ofertas.
A Papiro Editora que os ofereceu e em particular a Catarina Pereira que os seleccionou, deram-me uma importante lição. Posso-vos dizer que se não me fossem oferecidos, com certeza não os teria neste momento na minha estante. A razão não se baseia na qualidade das obras ou na primeira impressão que me deram, baseia-se sim no conhecimento da existência das mesmas.
Não me lembro de ter entrado numa livraria e ver algumas das edições da Papiro Editora. Vemos livros de grande dimensão mediática, grandes best- seller’s, autores estrangeiros com um percurso memorável, expostos em todas as prateleiras e expositores. Claro que existe sempre um livro ou outro de um autor português que se destaca um pouco, mas se repararmos bem, grande parte deles falam infelizmente de pessoas que já não se encontram entre nós.
Como leitora e blogger aprendi que as parcerias com as editoras não se baseiam só na oferta de livros e realização de passatempos, mas sim na DIVULGAÇÃO.
A Papiro aposta em escritores nacionais, dando-lhes a oportunidade de se revelar e concretizar um sonho. Este livro é um exemplo disso, cabe-me a mim ajudar a mesma na sua divulgação apresentando-o a todos aqueles que não o conhecem e dar o seu merecido destaque.
Após a minha leitura, achei que deveria apresentar um paragrafo do seu prefácio, pois não encontro uma descrição do seu conteúdo tão boa quanto a que Yao Jingming ( Poeta Chinês ) escreveu.
“ A escritora parece atenta à voz que prende dar às suas reflexões sobre diversos aspectos da realidade e da vida: o entendimento do outro, a perda da identidade resultante do desenraizamento, a contradição entre a fé e a realidade, a sombra psíquica causada pela transformação do espaço do sujeito, a preservação do dialecto macaense, ou a simplesmente a relação entre a escrita e a vida…questões evocadas ao longo destes contos que merecem efectivamente uma consideração.”
Yao Jingming
Poeta Chinês
Macau, 22 de Outubro de 2009
Os contos que são referidos neste pequeno paragrafo, são sete contos da autora Luciana Leitão. Todos eles, como foi referido, apelam a uma reflexão ou contêm uma mensagem, utilizando como palco a cidade de Macau. Para onde fui transportada, vendo e conhecendo de perto características desta cultura. É uma leitura rápida devido á simplicidade e fluidez da escrita, e diálogos dinâmicos.
O que posso dizer mais, é que gostei e mais importante que isso fiquei a conhecer outro género de leitura.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A CASA DO MAR - Esther Freud

Sinopse

Quando abandona temporariamente a cidade de Londres rumo a uma pequena vila costeira, a jovem Lily sente-se imediatamente arrebatada pela paisagem deslumbrante e pelo ritmo da pequena comunidade. Ela está a seguir as pisadas do falecido arquitecto Klaus Lehmann, objecto de estudo da sua tese académica. Mas, à medida que aprofunda a sua pesquisa, o fascínio pela vida de Klaus ameaça suplantar a admiração pela sua obra. Será com "uma ponta de inveja" que a jovem descobre a intensidade da paixão que Klaus sentia pela mulher, Elsa. Os laços que uniram os dois amantes agitam ainda as páginas de inúmeras cartas de amor. Ao lê-las, Lily reconstrói a história do casal e, sozinha na sua casa junto ao mar, começa a questionar a sua própria vida. A agitada rotina londrina, a carreira e a relação com o namorado enfrentam agora novos e desafiadores sonhos e emoções. Gradualmente, Lily apercebe-se de que o vazio que sente pode não ser preenchido com um simples regresso a casa…

Opinião

Este livro foi-me oferecido pelo meu marido. Na altura já o conhecia, pois tinha participado num passatempo sobre o mesmo, no blog Chocolate para a Alma e não o tinha ganho. No entanto fiquei muito curiosa, mesmo nunca tendo lido nada desta autora.

Posso dizer-vos que a sinopse deste livro, não podia estar mais correcta sobre o seu conteúdo.

Esther Freud divide a narrativa em dois espaços de tempo, passado e presente. É no passado que reside parte da história do casal Klaus Lehmann e Elsa, mas é no presente que conhecemos o verdadeiro sentimento que os une através de inúmeras cartas de amor. Cartas de amor essas, escritas por Klaus e relatadas por Lily, isto porque o mesmo era objecto da sua tese académica.

No decorrer da narrativa deparamo-nos com algumas surpresas, desvendam-se alguns mistérios e passa-se por alguns momentos de tensão. Havia momentos que não conseguia largar o livro tal era a vontade de prosseguir a leitura. Acabava um capítulo, colocava o meu marcador, para logo a seguir o abrir outra vez. Havia sempre algum pormenor que ficava por explicar ou alguma situação inacabada que fazia com que a leitura se prolongasse por muito mais tempo.

Uma leitura fácil e simples, mas muito cativante. Apesar de o final não ter correspondido ás minhas expectativas, estava á espera de algo mais emocionante e surpreendente.

Eu gostei e recomendo, mas esta é a minha opinião...

E a sua?