quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O CÉU EXISTE MESMO – Todd Burpo e Lynn Vincent

Sinopse

Colton Burpo tinha quatro anos quando foi operado de urgência. Meses mais tarde, começou a falar daquelas breves horas em que esteve entre a vida e a morte, e da sua extraordinária visita ao céu. O seu relato só agora foi revelado pelos pais. E tornou-se num fenómeno editorial sem precedentes.

Foi em 2003 que o pequeno Colton, sentado na sua cadeirinha no banco de trás do carro, começou a falar sobre os anjos que o tinham visitado durante a operação à apendicite aguda... O pai, sacerdote, nem queria acreditar. Estacionou, respirou fundo, e fez algumas perguntas ao filho. E o miúdo respondeu, sem dar muita importância ao assunto. Falou do que viu, dos seus encontros com Deus e com Jesus, das visões que teve durante a cirurgia, da mãe e do pai a rezarem enquanto ele era operado. Foi apenas o início. Colton tinha de facto visitado o céu, e trazia consigo uma importante mensagem para partilhar.

Opinião

No meu quarto, em cima da minha mesa de cabeceira, encontra-se uma fotografia do meu avô, falecido em Dezembro do ano passado. Por ser um triste acontecimento tão presente ainda, é inevitável o meu filho de três anos não me questionar da ausência do seu bisavô, pelo que respondo sempre que se encontra no céu.

É uma resposta tão vaga não é??

É difícil explicar a uma criança de três anos, o significado da morte, para onde vão todos aqueles que partem e nos deixam uma enorme saudade, até para mim esse tema é difícil. Tenho fé e acredito em Deus, mas as incertezas da vida para além da morte por vezes são uma constante nos meus pensamentos.

Após esta leitura, fiquei mais serena.

Mesmo sabendo que algumas pessoas pensam que este livro é uma farsa, somente com o intuito de ganhar dinheiro abordando um tema tão delicado, eu acredito!!

Apesar de ser o pai, Todd Burpo, a narrar esta história, a inocência do testemunho verdadeiro e sincero de Colton Burpo é perfeitamente transmitida e sentida profundamente por nós leitores.

Uma obra lindíssima para se reflectir e aprender, mas sobretudo sentir. Onde podemos assistir a um dos piores momentos da vida dos pais de Colton, bem como acompanhar a descoberta de que mais do que uma aproximação á morte, Colton tinha vivido uma experiência única que iria marcar a sua vida e a dos pais para sempre.

Um testemunho impressionante!!

Não farei avaliações técnicas a esta obra porque, sendo ela um testemunho, para mim não faz qualquer sentido. Independentemente da forma como é escrita e da forma como está organizada, a mensagem que Colton queria transmitir foi inteiramente recebida.

Recomendo.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

OS PÁSSAROS DA MORTE – Mo Hayder

Sinopse

No seu primeiro caso como investigador principal na Brigada Anti-Crime de Londres, o jovem detective Jack Caffery depara-se com um caso de um serial killer em ascenção. A descoberta do corpo de uma jovem mulher numa lixeira próxima do Millennium Dome de Greenwich abre as portas a estes sórdidos crimes. Um a um, são descobertos mais quatro corpos a apenas a alguns passos do primeiro. Cinco cadáveres, todos jovens mulheres brutalmente assassinadas de forma ritualistíca e estranhamente precisa. Para além da autópsia ter revelado que todas as jovens eram prostitutas, e a todas elas tinham sido injectado uma dose letal de heroína, directamente na base do crânio, e após falecimento tinham sido violadas. Como se não bastasse, descobriu-se mais um aspecto, o mais macabro de todos, que indica um único criminoso: na caixa toráxica encontrava-se, no lugar do coração, um pássaro vivo. Usando todas as armas de que a ciência forense dispõe, Caffery e a sua brigada anti-crime travam uma luta contra o tempo, antes que o “Violador do Millennium” ataque de novo...
Opinião
Cada vez que leio um novo policial fico ainda mais surpreendida. De facto, não é qualquer um que escreve um policial, um bom policial. Mo Hayder, não é qualquer um, é uma maestria.
Foram vários os momentos, em que este livro foi referido pelos meus amigos do facebook, o que me despertou uma imensa curiosidade. Quando a Editorial Presença iniciou o passatempo das Marés Vivas, uma das muitas fantásticas iniciativas realizadas, não pensei duas vezes. Venha ele para a minha estante!!
Depois das opiniões e dos comentários que li, tinha uma expectativa tremenda neste livro, mesmo que nunca tivesse lido nenhum livro da autora até á data.
E não é que superou as expectativas!! Pois é…
Qualidades não faltam a esta obra. A que mais se destaca, é ser uma história viciante, não há maneira de largar o livro. Mesmo chegando á página número 200, a vontade de continuar a leitura, é exactamente igual á inicial.
São vários os ingredientes que encontro, para que esta característica tenha esta particularidade, temos a apresentação de uma história inteligente do ponto de vista policial, suspense, mistério, acção e revelações surpreendentes. O que queremos mais de um bom policial?? Nada…
Posso dizer, que é mesmo daqueles policiais, em que se tem de puxar pelos neurónios e mesmo assim é tão bem escrito, que cheguei a meio e nem fazia ideia das surpresas que ainda ia ter. Fantástico!!
O factor menos positivo que encontrei, foi na recta final. Acho que esta autora, utiliza demasiados pormenores de âmbito sexual, demasiado descritos. Pode ser por não estar muito habituada, mas de qualquer das maneias, arrepiou-me. Pensando bem, sendo eu mulher, talvez me impressione mais…
Para quem procura um excelente policial, recomendo. Obrigatório mesmo.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

POR ESTE MUNDO ACIMA – Patrícia Reis

Sinopse

Um cenário de terrível desastre assola Lisboa. Poderia ser em qualquer outro lugar do mundo. Os escombros passam a ser paisagem, a cidade e as relações humanas transformam-se vertiginosamente. Entre os sobreviventes há um homem, um velho editor. Procurando amigos e amores desaparecidos encontra um manuscrito e um rapaz e, neles, a porta para uma outra dimensão da vida.

Por Este Mundo Acima é uma peregrinação futurista e um relato de memória. Consagração dessa melhor forma de amor a que chamamos amizade, é também uma história sobre a importância redentora dos livros.

Opinião

Algumas pessoas dizem que é fácil dar opinião dos livros que mais gostamos, eu cá discordo. Para mim, é uma tarefa extremamente difícil. Isto porque, quando se chega ao seu final, as emoções e sentimentos são tantos, que é impossível de os transmitir de forma clara para o papel.

Foi o que aconteceu, após ter lido esta obra. Uma estreia absolutamente espantosa, da escrita de Patrícia Reis.

O que poderei dizer eu, desta obra?

Tem um tema que me cativa em particular, a amizade.

“Quando te vi no hospital, Lourenço, percebi porque é que a amizade é a mais transformadora das forças humanas.”

Acho que, apesar de a escrita ser um acto muito solitário, a amizade foi sem dúvida a alavanca essencial para o lançamento desta obra. Atrevo-me a dizer, que a autora Patrícia Reis acaba por reflectir esse sentimento tão pessoal no decorrer desta narrativa. Só mesmo quem sabe o que realmente é a amizade, sabe transmiti-la desta forma.

“Livros nos quais a amizade predomina, livros luminosos que, não sendo lamechas, nos revelavam a vasta matéria dos sentimentos que definem a condição humana.”

Para além da amizade, existe a esperança e o renascimento. Encontro-os em Eduardo e Pedro, as personagens centrais desta história, eles que são sem dúvida a essência de todos os sentimentos transmitidos.

Tudo começa, como a sinopse refere e bem, com um terrível desastre que assola Lisboa. Eduardo é um dos sobreviventes, é através dele, que vimos o cenário de devastação em que se encontra, após o acidente.

“Não restava nada. Não se via ninguém. Sentei-me, suado, sem saber para onde seguir. Estava convencido de que o nada tomara conta de tudo. Não havia solução. O futuro estava longe, longe de acontecer.”

A consequência deste acidente, está muito para além do que vemos. Eduardo perde todos os seus amigos, aqueles que conhecemos perante os momentos que vai revivendo e é com muita saudade que o faz. Chego mesmo a sentir a sua dor, a dor provocada pela dúvida da sua existência, a procura de um sentido e da esperança.

“Não restam muitas soluções de sobrevivência e não compreendo por que escapei. Sou uma sobra da maldade humana. Sinto essa injustiça.”

Quando encontra Pedro e um manuscrito que lhe tinha sido entregue, tudo muda. É em Pedro que encontra o sentido.

“Depois dos amigos, da vida que tivera, Eduardo centrou tudo nele, o miúdo dos destroços.”

É no manuscrito que descobre a esperança.

“Não é a salvação, o mundo está para lá disso, contudo o meu coração adormecido acordou, acordou da melhor forma. (…)O livro é quase premonitório, fala do futuro e da forma como não seremos capazes de combater um lado mais forte das coisas terríveis. Confesso-te que estou em paz com a ideia de vivermos com essa bipolaridade do bem e do mal, temos dois lados, somos assimétricos: num condensamos o positivo, no outro está o que pior podemos pensar ou fazer.”

Um livro maravilhoso, que mexe com o nosso interior, que desponta até os sentimentos mais recônditos.

De um ponto de vista mais técnico, adorei a organização desta obra. O que mais destaco, são as listas apresentadas durante a narrativa, listas que adjectivos, objectos, etc…Um toque original, que dá uma apresentação única desta história.

Escrito de uma forma simples e genuína, mas extremamente tocante, Patrícia Reis consegue transmite-nos uma mensagem lindíssima. Um livro para mim, marcante e único.

Recomendo.

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