Olhavam o pôr-do-sol. Sentados no interior do Mercedes azul-escuro e resguardados do frio que se fazia sentir, observavam a luz do entardecer reflectida na imensidão lamacenta da baía de Alcochete.
O cheiro do lodo escuro intensificava-se. Aspiravam a maresia vinda do oceano. Sob a luz alaranjada que declinava no horizonte ele pegou na sua mão e acariciou um a um os seus dedos esguios. Calados na magia do momento, cruzavam os seus olhares, furtivamente, como duas crianças apanhadas em falta. (...)
- Tenho cancro – tinha-lhe dito. Assim, sem reservas nem rodeios, logo na primeira troca de palavras, como se o quisesse prevenir do risco.
– Tens cancro – repetiu, pensando que não tinha abarcado o significado do que dissera. E as suas palavras ficaram, por momentos, a pairar no silêncio.
Opinião
Este livro foi uma oferta da Papiro Editora, a quem desde já agradeço o apoio editorial tão precioso que tem dado ao Prazer da Leitura.
Esta opinião, foi a mais difícil que fiz até agora sobre um livro.
O que aqui escrevo, está muito longe de atingir a intensidade da mensagem, que esta mãe quis transmitir neste livro.
O testemunho que esta mãe dá, da luta constante e sem tréguas que a sua filha teve de travar contra o cancro, sensibilizou-me bastante.
É um simples relato, de parte da curta vida da jovem Margaret, mas sem dúvida uma grande lição de vida que me marcou bastante. Um relato carregado de sentimentos como o amor, a saudade e a esperança. Sentimentos esses que me fizeram viver esta história de perto, partilhando com esta mãe e seus familiares cada momento.
A coragem e vontade de viver de Margaret impressionou-me.
Tenho vinte e sete anos, estudei, namorei, casei e fui mãe, realidades da minha vida que esta jovem de vinte e três anos sempre quis alcançar e que o destino assim não o permitiu.
Sei que muita gente não lê histórias inéditas, pois preferem ler ficção. O mundo dos sonhos é bem mais agradável, que uma visão da pura realidade que é a vida de qualquer ser humano e o quanto ela pode ser frágil.
Como a mãe de Margaret e escritora deste livro diz :
“ (…)nunca acontece connosco, não é ? “
A mim já aconteceu!
Claro que a minha avó já não era nova, mas as pessoas valem pelo significado que têm para nós. O cancro não escolhe idades nem vê caras, muitas vezes é fatal e inevitável.
Gostava muito de ajudar a mãe de Margaret a passar a sua mensagem, ajudem também.
“ Penso que, um dia, gostaria de dar a conhecer a tua vida. Mostrar ao mundo o teu testemunho de luta pacífica, de coragem inabalável, de vontade de viver. “
Ana Paula Pinto (mãe de Margaret)
Com a venda deste livro, Ana Paula Pinto irá fazer um donativo em nome da sua filha, á Liga Portuguesa contra o Cancro.
Caso não compre este livro, deixo o link para quem quiser fazer o seu próprio donativo.
Vamos ajudar…