segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Câmara de Reflexão

Sinopse

Um livro que é uma compilação de histórias simples e reais, histórias que não são embelezadas por longas explicações académicas ou intelectuais, recheadas de palavras com sentido ambíguo… Estes 36 homens e mulheres, possuidores de um talento tremendo, vão ser os vossos cicerones numa viagem ímpar, que vos levará, entre outros destinos, da Baixa Alfacinha à Guiné-Bissau, do Iraque a Cabinda, do Afeganistão ao Peru, do nascimento de uma criança ao terror de uma guerra.

Opinião

Este livro é sem dúvida um daqueles que não é fácil dar opinião…

Estamos a falar de 36 histórias escritas por 36 repórteres de imagem, cada um com o seu testemunho e com registos de escrita totalmente distintos. São relatos que parecem cenas de um filme mas que no fundo são reais, de quem viveu em directo tudo o que é descrito.

Não vou comentar se o repórter A escreve melhor que o B, ou se o C tem melhor história que o D, no fundo estamos a falar de um livro feito de pequenas partes, mas que o resultado final é um fantástico livro, onde qualquer avô gostaria de ser protagonista de um destes relatos para ter a possibilidade de um dia contar aos netos na primeira pessoa. Obviamente existem bastantes relatos de zonas de guerra, ou zonas problemáticas, mas também existem aquelas que marcaram pela positiva e por isso se encontram nesta compilação.

Nestas histórias, somos transportados para diversas posições do globo através dos relatos pessoais escritos de um modo simples, sem grandes metáforas, sem linguagem complexa, possibilitando sentir logo á partida toda a envolvente de cada um deles, no fundo estes profissionais, mesmo sem quererem, conseguiram mais uma vez fazer aquilo que de melhor fazem, ou seja, transmitirem-nos uma imagem, apenas com a diferença de que desta vez foi captada pela melhor objectiva de todas, e gravada na melhor cassete de todas, os olhos e o cérebro respectivamente.

Admito que houve relatos que me impressionaram mais que outros, mas de certa forma todos me tocaram e deixaram uma marca. De facto é incrível perceber que enquanto estamos no sofá a olhar para uma qualquer reportagem, para isto ser possível, alguém esteve privado de conforto, ou longe da família, ou foi atacado por um qualquer animal, ou esteve debaixo de fogo cruzado, ou acabou até por descobrir um paraíso. É impossível focar numa só opinião todos os relatos, mas destaco algo que sobressai em todos eles e que mostra a enorme humanidade destes profissionais: Sensibilidade.

Todos eles perante uma qualquer situação mostram uma sensibilidade incrível no modo como descrevem cada cena, a mesma sensibilidade que nos transmitem nas imagem que nos enviam todos os dias, que tantas vezes nos passa despercebida, aqui está bem presente não só na descrição de cada cena mas também nas decisões que tomaram sobre o que devia ou não ser partilhado com o mundo, sem que isso interferisse com o normal decorrer dos acontecimentos.

Esta sensibilidade é ainda demonstrada quando os mesmos renunciaram á partida todos os possíveis lucros resultantes do livro, sendo que as receitas revertem para o Centro de Acolhimento Temporário "Janela Aberta". Aqui sim foi-lhes possibilitado de certa forma alterar o rumo da história, ao contrário de todas as outras que relataram.

Para finalizar saliento apenas a minha discórdia com o título utilizado “Câmara de Reflexão” pois acho que leva o livro para um nível que não me parece que esteja totalmente identificado no conteúdo do mesmo, podendo mesmo afastar alguns leitores que se deixem enganar pelo título.

É sem dúvida um livro que recomendo, pois os relatos apresentados são incrivelmente cativantes. Ao mesmo tempo, levam-nos a conhecer a realidade humana destes profissionais que nos brindam todos os dias com imagens incríveis do mundo que nos rodeia, e que sem eles nos passaria despercebido.

O meu muito obrigado aos autores por terem tido a coragem de partilharem pedaços da sua vida com quem como eu, teve ou vai ter a oportunidade de ler este fantástico livro.

Elaborado por: Marco Santos

1 comentário:

  1. Não são as estórias dos Reporteres de Imagem, mas sim de alguns. Casos há, no livro, por muitos anos que passem, nuncam chegam a sê-lo.

    Luis Lopes

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