sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

A CIRURGIA DO PRAZER - Miguel Almeida

Sinopse

A literatura com conteúdo sexual e erótico faz sentir, mas também pode fazer pensar!

Se a sexualidade e a moralidade, a realidade e a ficção, a descrição e a reflexão, forem exploradas em cada personagem, em cada atmosfera e em cada situação, o resultado pode ser uma viagem sensual, e ao mesmo tempo inspiradora, ao centro da comédia humana. Que dá gosto ler. E que nos convoca para a tarefa do entendimento.

Eis o desafio que Miguel Almeida assumiu com esta obra surpreendente: escrever sobre sexo, citando Nietzsche, interpelando António Quadros e discorrendo sobre o significado de um orgasmo mal comportado.

Diz-se que “em Portugal escrevemos pouco sobre sexo e nem sempre sai grande coisa”. E acrescenta-se: “Não é fácil encontrar na literatura portuguesa bons nacos de prosa ou passagens poéticas com conteúdo sexual, talvez porque as palavras do nosso português não ajudam”. Pois bem, este livro dá uma res¬posta estrondosa a estas lamentações. É um exemplo luminoso de boa literatura com conteúdo sexual e eró¬tico ― usando a nossa língua: aquela que nos ensinaram na escola primária! Se os bra¬sileiros conseguem, há portugueses que também lá chegam…

Opinião

Ao ler a sinopse deste livro, podemos ficar com aquela sensação de “sim senhor, aqui está um livro que qualquer pessoa devia ler”, até porque o sexo hoje em dia ainda é um tema tabu na nossa sociedade.

Desenganem-se aqueles que pensam que vão ficar excitados ao ler estes contos, pois eles têm a função de excitar sim o nosso cérebro, mas na vertente filosófica da questão, ou seja, põem-nos a pensar em sexo não de uma forma erótica, mas de uma forma divertida, sem nunca esquecer a questão filosófica que envolve todo este tema.

Apesar de ser um livro que apela à reflexão, a forma e a linguagem simples que o autor utiliza na apresentação dos contos, torna a sua leitura bastante fácil e ao alcance de todos. Não posso afirmar que todos eles são igualmente divertidos, até porque o grau de divertimento de cada um varia com a perspicácia utilizada pelo autor mediante a escolha de cada situação para falar de um determinado tema sexual, ou mesmo na escolha dos nomes das personagens, tais como Eduardo Censor, Francisco Manso ou mesmo Zeferino Bang-Bang. Há ainda aqueles que são integralmente virados para a reflexão (poucos felizmente).

Este livro não responde a nenhuma questão sexual directamente, mas tem a capacidade de nos fazer reflectir sobre muitas destas questões e incita-nos a encontrarmos as nossas próprias respostas.

Como opinião geral, penso que se trata de um livro que mistura o género lúdico com o filosófico e que proporciona momentos interessantes de leitura.


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1 comentário:

  1. E viva as mentes atentas e abertas que marcam a diferença e renovam a esperança de que um dia...

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