terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

DE NOME, ESPERANÇA – Margarida Fonseca Santos

Sinopse

Mulher reservada e inteligente, Esperança é uma pessoa perdida entre o que escreve e o que vê da realidade, o que viveu e o que desejou. Carlos é um enfermeiro estagiário de psiquiatria que decide, assim que a conhece, tudo fazer para resgatar Esperança rumo a uma vida normal, confrontando-se a cada passo com uma inquietação profunda: no coração da loucura, que espaço resta para a normalidade? A resposta poder ser apenas que a mente é um lugar estranho. Entrar nos seus domínios é percorrer um labirinto interior de acesso, na melhor das hipóteses, restrito. Num livro em que as várias vozes e os vários tempos se cruzam num emaranhado de expectativas, pensamentos e ilusões, acompanhamos o percurso da Esperança, para quem só existe esperança no nome.

Opinião

Depois da leitura maravilhosa que fiz do livro “Uma Pedra sobre o Rio”, da mesma autora, fiquei ansiosa por uma nova obra, por um novo trabalho. A sensação que tive quando foi  anunciado o lançamento deste livro, foi de que teria de o ler. Algo me dizia, que esta nova leitura iria ser muito importante para mim e que de alguma forma me iria identificar nela.
O tema é muito delicado. Neste livro, Margarida Fonseca Santos fala-nos de perturbação mental e na aceitação desta condição por parte da nossa sociedade, por parte dos poucos que rodeiam estas pessoas tão especiais. No fundo, a perturbação mental não é uma doença contagiosa, nem transmissível. Toda a gente é desequilibrada, apenas existem muitas pessoas que se conseguem controlar melhor que outras.
Após uma infância traumática e o início de uma vida “normal”, Esperança teve uma recaída que ditou o seu destino, um destino rumo ao Hospital Psiquiátrico de Lorvão. Tornou-se “uma pessoa perdida entre o que escreve e o que vê da realidade, o que viveu e o que desejou.” No decorrer desta narrativa, podemos olhar a sua vida através dos seus olhos e dos olhos de quem lida ou lidou com ela um dia.
Temos acesso aos seus textos, “pensamentos confusos que se interrompem, se criticam, se desafiam, num tumulto de palavras quem nem a construção das frases respeita. (…) Alguns parecem memórias; outros, reflexões, mas a maior parte são pequenas histórias.” Que nos dão a conhecer um pouco melhor quem é Esperança.
Existe um conjunto de sentimentos contraditórios em cada personagem, este facto acaba por ser transmitido de forma muito intensa. Posso dizer que cheguei mesmo a sentir a força e determinação de Carlos, o enfermeiro estagiário, que tentou desde o início resgatar Esperança deste destino tão injusto. No entanto, sentia uma grande tristeza com as palavras do Dr. Amílcar, que apelava à consciencialização da realidade dos factos.
Achei irónico, o nome que foi dado a esta personagem.
Este livro está escrito e estruturado de forma inteligente. Apresenta uma escrita fluida e harmoniosa. A imagem que representa a capa, e até mesmo o interior deste livro, são alusivos à história.
Todas estas características reforçam a força desta história, uma história cativante, chega mesmo a ser viciante, a que ninguém fica indiferente.
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1 comentário:

  1. Pensei que tinha deixado mensagem... Mas nunca é tarde. Agradeço imenso o destaque e a visão deste livro, que tanto mexeu comigo e que, pelas mensagens que chegam diariamente, mexe com aqueles que o lêem. Um grande beijinho

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